Duas vidas
Quando abandonar esta vida,
morrer dela eu vou,
uma outra me aguarda,
alguém me espera a um longo
tempo,
espreita minha volta, a
minha morte.
Infeliz fui neste mundo
secreto
infiltrado em meu ser, em
minha memĂłria,
mundo louco este, eu podia voar,
eu podia mudar eu podia
criar,
eu podia ser e fazer feliz,
mas nĂŁo fui e nĂŁo fiz,
falhei em minha jornada.
Mundo virtual, imaginação surreal,
podia tudo, menos criar
felicidade real,
mente perversa, coração frio
e arredio,
manipulador de mentes e
emoçÔes,
desejado, amado, odiado,
criatura que do inferno
escapou.
Voava por mundos e regiÔes,
com apenas um leve fechar de
olhos,
para lugares distantes eu
ia.
Mundo das possibilidades
e das impossibilidades,
onde a pobreza foi trocada
pela beleza,
tudo Ă© belo, tudo Ă© vazio
e aqui nĂŁo hĂĄ dor.
Encontro marcado com esta
vida,
todas as noites eu tinha,
vĂĄrios personagens,
muitos rostos, muitos corpos,
mas apenas um coração.
Aqui nĂŁo se morre,
aqui se some, desaparece,
mas sumiço é morte,
entĂŁo aqui sim, se morre.
Meu fim jĂĄ anunciado serĂĄ um
renascimento,
outra vida me espera.
Morto estou, suicĂdio cometi,
levanto deste caixĂŁo que por anos fiquei,
caminho agora com dores ao
encontro da vida real,
aproximo-me daquela cama,
que, por tanto tempo, de um lado fria
ficou.
A minha espera ela estava,
deito ao seu lado, ele
voltou,
palavras que leio no silĂȘncio
do seu sorriso.
Me abraça sem abrir os olhos
dormentes,
por muito tempo nĂŁo mais fitei,
até esquecendo a sua cor,
ela sabe que nĂŁo mais irei
embora,
pois morto estou
e esquecido daquele mundo para sempre ficarei.
Cerberus Messing